•Alex
Ka Wei Tso •
Cartas Para o Amanhã
Um Chamado à Comunidade Hakka, Entre Memórias e o Nosso Futuro
O Fim do Periódico Hakka《客家親》como Metáfora
Hoje, ao folhear as últimas páginas do Periódico Hakka do
Brasil, sinto um misto de melancolia e urgência. Este veículo, que durante
vinte e oito anos foi o ponto de encontro e elo de conexão de ideias entre toda
a nossa comunidade, está chegando ao fim. Mas, mais do que um encerramento, o
fim de suas impressões traz dores maiores do que podemos compreender, pois o
fato é que o que realmente dói é o que ele simboliza: a perda de espaços onde
nossa memória coletiva possa ser cultivada e compartilhada. Ao encerrar este
ciclo de existência, não são apenas as palavras impressas as únicas a se
esvaírem, senão também os traços vivos do que foi - e do que ainda é - a nossa
história e identidade enquanto comunidade. Ao receber tal notícia, fiquei
profundamente motivado com uma questão que evitei a tanto tempo: como chegamos
a este ponto? Por que não se fez possível que as novas gerações assumissem o
que fosse necessário para manter o Periódico e manter vivos os nossos lugares
de pertencimento? Talvez a questão mais importante seja: o que podemos fazer
agora para que esta perda não se torne o início de um fim irreversível?
A experiência do Periódico Hakka ecoa uma sensação pessoal
de perda iminente, ao ponto de não conseguir distinguir com a devida clareza o
que realmente está findando, se um impresso, se uma associação, se uma geração,
se uma cultura como um todo. Como filho de imigrantes – meu pai vindo de Hong
Kong e minha mãe de Taiwan –, cresci cercado por símbolos culturais que muitas
vezes não compreendi na totalidade, e que hoje têm se cristalizado em uma
corrida amarga contra a perspectiva da fragilidade de suas próprias
existências. Quando jovem, a obrigação de saber a língua e as tradições
pareciam um fardo injusto ou algo distante, tal como uma responsabilidade que
alguém de um jeito ou de outro se encarregaria de levar adiante. Décadas
separam aquele adolescente de quem sou hoje, e hoje percebo que aquele
"alguém" sou eu, e que, ao ignorar a oportunidade de me conectar, ao
longo de todos estes anos, com as heranças culturais que me rodeavam, também
deixei passar muitas possibilidades de contribuir mais ativamente para minha
comunidade. O fim do Periódico, portanto, não é apenas um marco de uma perda
coletiva; mas me aflora indagações sobre as tantas desconexões individuais que
a minha própria trajetória apresentou, e como elas, no fim, não parecem ser
apenas sobre mim, mas sobre desafios de toda uma geração.
Minha Jornada Pessoal: Reconexão com Minhas Raízes
Cresci cercado pela cultura Hakka, mas sempre a encarei como
uma parte implícita e secundária da minha vida. Nas reuniões de família, nas
festas tradicionais, nos pratos que compunham nossa mesa, havia um universo de
histórias e nuances que eu enxergava, mas nunca compreendia totalmente. Não
valorizava o suficiente a presença e histórias dos mais velhos e, para ser
sincero, quando a língua Hakka, que eu mal compreendia, era falada,
simplesmente desligava minha audição e não prestava atenção - até porque ela
era usada apenas entre os adultos, e não com as crianças na minha família,
então sabia que era um assunto que não me cabia, seja lá qual fosse ele! Por
outro lado, frequentava aulas de mandarim na infância, mas minha dificuldade em
aprender a língua era acompanhada por uma resistência interna, como se aquilo
não me pertencesse de verdade. Participava dos eventos da Associação Hakka
porque meus pais eram muito ativos na comunidade, mas me sentia deslocado,
incapaz de criar laços verdadeiros com outros jovens. Como todo adolescente, me
achava estranho, e tinha pavor de fazer ou dizer algo que envergonhasse minha
família. Então basicamente me privei de conviver de maneira mais aberta com os
outros adolescentes, limitando as relações a se desenvolverem apenas sob o
contexto dos eventos da Associação, e vivendo uma vida “paralela” fora da
mesma.
Somente agora, já na casa dos trinta anos, consigo
compreender a profundidade dessas experiências. O envelhecimento dos membros da
comunidade, incluindo meus próprios pais, trouxe uma consternação que não
consigo ignorar. Ver a idade avançando de minha mãe, cujo domínio da língua
Hakka já não é completo, e de meu avô materno, que é minha última conexão
familiar com a língua, me faz perceber que aprender Hakka não é apenas uma
tarefa intelectual, mas possui um lastro que é social e emocional, pois é uma tentativa
de enfrentar a perspectiva da morte física e simbólica de tudo o que essa
língua representa - minha ancestralidade, minha cultura, minha comunidade,
minha família. Mas reconheço também que não seria justo colocar todo o peso nas
novas gerações, se eu mesmo só pude abrir os olhos, o coração e as portas para
toda essa problemática tardiamente na vida adulta. O que fazer, então, para
facilitar esse caminho para outros jovens que ainda se sentem como eu me
sentia?
A Importância de Pertencer a uma Comunidade
Foi apenas de alguns tempos para cá que consegui compreender
plenamente o significado de pertencer a uma comunidade como a Hakka. Ela é
muito mais do que costumes e celebrações partilhadas, os pratos típicos ou a
língua que nos conecta. É uma rede de memórias, valores e conexões que
atravessa gerações, criando uma identidade compartilhada. No entanto, essa
identidade não é rígida; ela vive e respira pelas histórias de quem a carrega.
Para mim, ser parte desta comunidade significa tanto honrar o passado quanto
encontrar maneiras de reconciliar meu lugar como alguém nascido e criado em
outro país que não o dos meus pais, com valores e experiências que muitas vezes
destoam dos de gerações mais velhas.
Ao pensar no futuro, uma questão essencial se impõe: quem
irá compor essa comunidade Hakka nas próximas décadas, no próximo século? Será
que conseguiremos acolher a nova realidade de casais inter-raciais, expandindo
e alargando o conceito de pertencimento e de identidade de nossa comunidade?
Casais do mesmo sexo terão sua dignidade e famílias respeitadas, garantindo uma
comunidade inclusiva e comprometida a não reproduzir preconceitos retrógrados?
Pessoas de crenças distintas – incluindo aqueles que não seguem religião alguma
– encontrarão maneiras de se conectar através dos valores comuns da comunidade?
Aliviaremos a pressão social sobre nós mesmos, permitindo formas distintas de
metrificar o sucesso para além das carreiras tradicionais, do peso do dinheiro,
do status e do poder? Esses questionamentos não são meramente retóricos; são
convites para uma reflexão mais ampla sobre o que significa ser Hakka no mundo
contemporâneo. Se a comunidade for capaz de acolher essas mudanças, mantendo no
centro de seu propósito valores como respeito, coletividade e colaboração, ela
poderá florescer como um espaço verdadeiramente inclusivo e vibrante.
O Papel das Gerações Mais Velhas: Guardiãs do Legado
As gerações mais velhas são os pilares da nossa comunidade.
Elas mantiveram viva a cultura Hakka, mesmo enfrentando desafios imensos como a
migração para o Brasil, a adaptação a uma nova realidade e a criação de espaços
para preservar sua identidade em um contexto muitas vezes adverso. São os
guardiões das nossas histórias, dos nossos costumes e do nosso idioma. No
entanto, também reconheço que, ao envelhecerem, elas carregam consigo não
apenas o conhecimento, mas também a incerteza sobre o futuro.
Como alguém que não está mais nem tão jovem, nem tão velho,
sinto um desejo profundo de criar laços e construir pontes entre as gerações,
mas reconheço minhas limitações. Não domino o mandarim, muito menos a língua
Hakka, e me pergunto: como pedir que passassem o bastão se ainda não me sente
plenamente capaz de segurá-lo? Talvez o caminho esteja em não esperar pela
perfeição, mas em valorizar as pequenas ações – aprender uma frase ou ditado
popular em Hakka, organizar uma conversa entre pessoas da mesma geração,
registrar uma memória ou história de nossos parentes mais velhos, propor
atividades para os filhos e netos dessa geração mais velha, promover talentos
sociais e culturais entre nossos jovens, ao invés de focar apenas em rendimento
acadêmico, etc. – que podem servir como alicerces para uma continuidade maior
de nossa comunidade. Isso exige humildade, paciência, empatia consigo mesmo e
com os outros, e principalmente coragem para remar contra a maré, tentar,
testar, falhar, e tentar mais uma vez. Talvez seja a hora de aceitar a
realidade posta, e não querer lutar contra a inevitabilidade do tempo, que
passa e passará sempre mais rápido, mas sim aproveitar aos máximos momentos
entre nossa comunidade. Das crianças mais jovens aos idosos mais anciãos, cada
um carrega consigo um jeito único, especial, e igualmente importante, de ser
Hakka.
A Urgência de Manter o Legado Vivo
Não há tempo a perder. Cada vez que um falante da língua
Hakka deixa de usá-lo ou cada vez que uma tradição é esquecida, perdemos um
pedaço da nossa identidade coletiva. Mas, ao refletir sobre isso, surge outra
questão: manter uma cultura viva significa preservá-la como um artefato
museológico ou permitir que ela se transforme? Acredito que a resposta esteja
em encontrar um equilíbrio. Não precisamos apenas repetir o que foi feito;
podemos reinventar a maneira como nos conectamos com nossa história.
Talvez a chave esteja em abrir espaços que acolham tanto os
que seguem as tradições quanto os que queiram reinterpretá-las. A língua pode
ser ensinada em contextos contemporâneos, as receitas podem ganhar toques de
modernidade e os eventos podem incluir novas vozes, valores e formas de
expressão. Cada esforço conta, e o que importa é o compromisso coletivo.
Podemos sempre exaltar o que nos une, mas não precisamos nos restringir a uma
cartela de regras e itens a serem checados para reconhecermos uns aos outros
como iguais. Foi na diversidade que a humanidade se desenvolveu, e assim como
uma famosa citação nos apresenta, nossa luta deve ser “por um mundo onde
sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Reflexões e Perguntas para Guiar Nosso Futuro
O encerramento do Periódico Hakka impresso no Brasil é um
momento de luto, mas também de renovação. Ele nos desafia a refletir sobre o
que deixaremos para as próximas gerações e como podemos transformar este fim em
um novo começo. Mais do que um manifesto, encerro com perguntas que espero que
nos guiem:
- O que significa manter viva uma cultura: preservar suas tradições intactas ou permitir que evolua com o tempo?
- Como criar espaços que conciliem as diferenças entre as gerações, sem que nenhuma delas se sinta excluída?
- De que maneiras podem usar a língua, a comida e as memórias para construir pontes entre passado, presente e futuro?
- Como, sendo fruto da diáspora, podemos encontrar um senso de pertencimento que honre tanto nossas raízes quanto nossas identidades multifacetadas?
É a partir desses questionamentos, das incertezas e das inseguranças, mas também dos valores, da esperança e do zelo com a qual vim partilhar o desejo de um sonho coletivo que me ponho comprometido a continuar aprendendo, escutando e colaborando com a nossa valiosa comunidade. Convido todos a refletirem e agirem. O futuro da comunidade Hakka depende de nós, acolhendo quem somos hoje e tendo a coragem de ousar ser quem podemos e queremos ser amanhã.
給明天的信
在記憶與未來之間,對我們客家族群的呼籲
•曹嘉威•
《客家親》印刷版終結的隱喻
今天,當我翻閱《客家親》的最後幾頁時,心中充滿了憂傷與焦慮。這份在過去二十八年中,作為我們族群思想交流與聯繫的媒介,即將走向終結。然而,這不僅僅是一個結束,其停刊帶來的失落感遠超我們所能理解。真正令人痛心的是它所象徵的意義:我們失去了培育和分享集體記憶的空間。隨著這個存在週期的結束,不僅是印刷的文字在消逝,還有我們作為群體的歷史與身分的生動痕跡也在逐漸消失。得知這一消息後,我被一個長期逃避的問題深深觸動:我們是如何走到這一步的?為什麼新一代無法承擔起必要的責任來維持這份期刊,從而保持我們這個有共同歸屬感的空間?或許最重要的問題是:我們現在能做什麼,才能讓這次的損失不成為一個不可逆轉的終結的開始?
《客家親》印刷版的終結,喚起了我個人對即將失去某種東西的那種悵惘,以致於我無法清晰分辨究竟是什麼在結束:是一份印刷品、一個群體、一代人,還是整個文化?作為移民的後代—我的父親來自香港,母親來自台灣—我在成長過程中被多樣的文化包圍,卻常常無法完全理解這些不同的文化。如今,它們似乎在一場與自身存在脆弱性的苦澀競賽中逐漸凝固。年輕時,學習語言和傳統的義務似乎是一種不公平的負擔,或者是一種遙遠的責任,彷彿總會有「其他人」來承擔這一切。幾十年過去了,那個少年與今天的我之間有著巨大的距離,而現在我意識到,那個「其他人」其實就是我自己。多年來,我忽視了與周圍傳統文化融合的機會,也因此錯過了許多更積極為族群貢獻的可能性。因此,《客家親》的終結不僅僅是一個集體損失的標誌;它也讓我反思了我個人軌跡中的許多裂痕,以及這些裂痕最終似乎不僅僅是關於我,而是關於整代人的挑戰。
我的個人旅程:重新連結我的根源
我在客家文化濃厚的環境中長大,但始終將其視為生活中隱含且次要的一部分。在家庭聚會、傳統節慶和餐桌上的菜餚中,充滿了我能看到,但卻從未完全理解的寓意。我沒有認真地重視長輩們的故事,坦白說,當客家話—我幾乎聽不懂的語言—被使用時,我會聽而不聞,不再注意。畢竟它只在大人之間使用,而不是與我們這些孩子交流,所以我覺得這與我無關!另一方面,我小時候上過中文課,但學習語言的困難伴隨著內心的抗拒,彷彿我並沒有置身於課堂。雖然我經常參加客屬「崇正會」的活動,因為我的父母在「崇正會」非常活躍,但我感到格格不入,無法與其他年輕人建立真正的聯繫。像所有青少年一樣,我覺得自己很奇怪,更害怕做出或說出讓家人蒙羞的事情。因此,我與其他青少年的互動,僅侷限在「崇正會」活動的背景下發展,而在「崇正會」之外則過著另外一種「平行」的生活。
直到現在,三十多歲的我,才真正理解這些經歷的深層意義。「崇正會」成員的老化,包括我自己的父母,帶來了一種我無法忽視的憂慮。看著我母親年齡的增長,她對客家話的駕馭也在慢慢消退,而我的外祖父是我與客家話的最後家庭連結。這讓我意識到,學習客家話不僅僅是一項智力任務,它除了具有社會和情感上的重量外,更是一種延阻這門語言所代表的一切—我的祖先、我的文化、我的族群、我的家庭――在物理和象徵意義上消亡的嘗試。但我也意識到,將所有責任都推給新一代是不公平的,因為我自己也是在成年後才真正睜開眼睛、敞開心扉,面對這些問題。那麼,我們該如何為其他仍然像我當年那樣感到迷茫的年輕人鋪平道路?
歸屬一個族群的重要性
直到最近,我才完全理解參加像客屬「崇正會」這類族群團體的意義。它不僅僅可以讓我們分享共同的習俗、慶典、傳統菜餚或語言。它是一個跨越世代的記憶、價值觀和團結的網絡,為我們創造了一種能夠共享的身分。然而,這種身分並非僵化的;它通過承載它的人的故事而活著、呼吸著。對我來說,成為這個群體的一部分,意味著既要尊重過去,也要找到一種方式來調和我――一個在父母祖國之外出生和成長的第二代――與老一代價值觀和經驗的衝突。
在思考未來時,一個關鍵問題浮現:誰將在未來幾十年、甚至下一個世紀組成這個客屬「崇正會」?我們能否接納異族夫婦的新現實,擴展和拓寬我們社區的歸屬感和身分概念?同性伴侶的尊嚴和家庭能否得到尊重,確保一個包容且不偏見的團體?不同信仰的成員――包括那些不信仰任何宗教的成員――能否通過「崇正會」的共同價值觀找到認同感?我們能否減輕社會對自己的壓力,允許超越傳統職業、金錢、地位和權力的「成功」標準?這些問題不僅僅是虛擬性的;它們是對作為當代客家人的意義更廣泛反思的邀請。如果「崇正會」能夠接納這些變化,並將尊重、集體性和合作等價值觀置於其核心,它將能夠成為一個真正包容且充滿活力的團體。
老一代的角色:文化傳承的守護者
老一代是我們「崇正會」的支柱。他們在面對巨大挑戰時,是維繫客家文化的中流砥柱,這些挑戰包括移民到巴西、適應新現實,並在一個常常不利的環境中創造空間來保護我們的傳統。他們是我們的故事、習俗和語言之守護者。然而,我也認識到,隨著他們的老去,他們雖然帶來了經驗,但也帶來了對未來的不確定性。
作為一個不再年輕但也不算老的人,我深深渴望能在老一代和年輕一代之間建立橋樑,但我自知自己的侷限性。我不通中文,更不用說客家話了,所以我常常問自己:就這樣的話,我們可以要求他們將接力棒傳遞給我們嗎?或許答案不在於追求完美,而在於珍惜那些小小的行動――學習一句客家的俗語、組織同代人之間的對話、記錄我們長輩的記憶或故事、為老一代的子孫們策劃活動、在年輕人中推廣社會和文化才能,而不僅僅是學術成就等等――這些行動可以作為我們群體延續的基石。這需要謙卑、耐心、對自己和他人的同理心,以及逆流而上的勇氣,去嘗試、測試、失敗,然後再試一次。也許現在是時候接受現實,不再與時間的流逝抗爭,而是充分利用我們「崇正會」的每一刻。從最年幼的孩子到最年長的長者,每個人都以一種獨特、但是同樣重要的方式成為客家人。
保持文化傳承的迫切性
我們沒有時間可以浪費。每當一個客家話的使用者停止使用這門語言,或每當一個傳統的細節被忽略甚至遺忘時,我們集體的認同就失去了一部分。然而,在反思這一點時,另一個問題浮現:保持一種文化的活力,意味著將其作為博物館的文物保存,還是允許它進行轉變?我相信答案在於找到平衡。我們不需要僅僅重複過去所做的;我們可以重新發明與我們歷史認同的方式。
或許關鍵在於創造一個既能接納傳統,也能接納那些希望重新詮釋傳統的空間。語言可以在當代背景下教授,食譜可以融入現代元素,活動可以包含新的聲音、價值觀和表達方式。每一項嘗試都很重要,而最重要的是集體的凝聚力。我們可以無條件地支持那些將我們團結在一起的理念,但我們不需要將自己侷限在一套規則或清單中,才能彼此平等認同。正是在多樣性中,人類得以發展,正如一句名言所說:我們努力打造的應該是「一個各有差異的人都可以享受到自由及平等的世界」。
引導我們未來的反思與問題
《客家親》印刷版的終結是一個令人心痛的時刻,但也是一個更新的時刻。它挑戰我們去思考我們將為下一代留下什麼,以及我們如何將這個結束轉化為一個新的開始。與其說這是一份宣言,不如說我以一些問題作為結尾,希望這些問題能引導我們:
- 保持一種文化的活力意味著什麼:是保持其傳統不變,還是允許它隨時間演變?
- 如何創造一個能夠調和老一代與年輕一代之間差異的空間,而不讓任何一方感到被排斥?
- 我們可以如何利用語言、食物和記憶來搭建過去、現在與未來之間的橋樑?
- 作為客家異域的後代,我們如何找到一種既能尊重我們的根源,又能承擔我們多重身分的歸屬感?
正是從這些問題、不確定性和不安中,同時也從價值觀、希望和熱情中,我分享了一個集體夢想的願望,並承諾繼續學習、傾聽並與我們尊貴的客屬「崇正會」合作。我邀請大家一起反思並行動。客屬「崇正會」及我們族群的未來取決於我們,取決於我們如何接納今天的自己,並有勇氣去成為我們明天可以且想要成為的人。
