•執行小組 召集人 鍾建仁•
【序言】
客家移民在巴西
編撰《客家移民在巴西》執行小組 召集人
•鍾建仁•
2023年9月,我回臺灣參加了邁入第21年的「全球客家文化會議」,這屆會議以「在地的花果――客家的在地化與全球化」為主題,探討海外客家如何在地扎根、融入主流,進而匯聚全球客家族群而全球化。三天緊湊的議程,我以取經的虔誠,專注的聆聽演講、參加討論、分組座談,參觀「世界客家博覽會」,與全球鄉親代表熱情交流互動…。對於僑居海外客家子弟的我,實在感觸很深、獲益良多。特別是客家歷史的淵源、文化的發展、族群的認同…,在在撥開了我對客家認知的視野,讓我更恢弘胸襟審視巴西客家的在地化與全球化。
客家,作為漢族的重要民系,以其獨特的語言、文化和歷史淵源獨創一格。客家人的歷史是一部遷徙與適應的史詩,其文化既保留了中原傳統,又融合了南方特色,成為中華民族多元一體的重要見證。
客家的歷史,是遷徙與堅韌的歷史;客家的文化,是融合與創新的文化。透過這兩點體認,我們一同思考:
一、中原南遷:客家的歷史源遠流長,我們的祖先主要來自中原地區(今河南、山西、陝西一帶),歷經至少四次大規模南遷至廣東、廣西而形成客家大本營,並開始向海外東南亞、台灣擴散。這些遷徙,使客家人形成「處處為客,處處為家」的族群特性,並在與各地原住民的互動中,發展出獨特的文化適應能耐。
二、文化特質:語言、建築與社會組織是客家文化鮮明的辨識度。客家話被視為「古漢語活化石」,保留大量中古中原音韻,並因遷徙而產生地域性的融合變化。建築方面,圍龍屋、土樓等防禦性民居,體現家族凝聚與環境適應。至於社會組織,則展現在宗族觀念強烈,重視教育、形成「耕讀傳家」傳統,慎終追遠、敬老尊賢等社會倫理方面。
三、全球客家:隨著跨國遷徙流動而形成近代移民,客家人分佈至臺灣、馬來西亞、印尼、歐美等地。而我們向西遷徙來到巴西,則是歷史上最遙遠天涯的客家移民了。這些無遠弗屆的遷徙移民,形成了處處皆有客家的跨國全球網絡。不論各國客家社團組織有什麼樣的主觀意識,要建立一個全球化的客家網路,客家的現實始終是,世界客家只會愈來愈多元化和分殊化,所以世界客家仍應該是一個異中求同的全球客家。
四、當代挑戰與文化復振:移民他鄉,客家文化要面對語言流失、年輕世代疏離等問題。如何在日常生活中,把優質的客家文化特色融合重組、承傳創新,一代又一代的綿延下去,這是我們要接受的當代移民挑戰與文化復振契機。我們編撰《客家移民在巴西》的用心在此,意義也在此。
我們承傳源遠流長的客家,移民巴西多年的日常生活中,恐不諱言客家元素是日漸斷裂和消失。但是只要認識上述客家歷史淵源和文化特色,共同思考面對移民的現代問題,必能效法本書記述的移民典範,在地深耕,生根巴西;讓移民在巴西的客家在地化,更讓在地化的巴西客家移民全球化。
如是我序:天涯海角今非遠,客家移民在巴西。
(本文參考2023年「全球客家文化會議」資料文獻及相關研究報告整理而成。)
Imigrantes Hakka no Brasil
Equipe Editorial de 《Imigrantes Hakka no Brasi》l
Convocador:Chung
Jan Jen
Em setembro de
2023, retornei a Taiwan para participar da 21ª Conferência Global da Cultura
Hakka. O tema deste ano foi “Flores e Frutos Locais — A Localização e
Globalização dos Hakka”, que explorou como os hakka ao redor do mundo fincam
raízes em seus novos lares, integram-se às culturas dominantes e, ao mesmo
tempo, mantêm uma rede global que une a diáspora hakka.
Durante três
dias intensos de programação, participei com entusiasmo, assistindo a
palestras, engajando-me em discussões grupais e visitando a Exposição Mundial
Hakka. Também tive o prazer de interagir calorosamente com representantes hakka
de diversas partes do mundo. Como descendente de hakka vivendo fora da Ásia,
essa experiência foi profundamente comovente e enriquecedora.
Ao compreender
melhor as origens históricas do povo hakka, o desenvolvimento de sua cultura e
o fortalecimento da identidade étnica, minha visão sobre a identidade hakka
expandiu-se. Isso me levou a refletir de forma mais ampla sobre o processo de
localização e globalização dos hakka no Brasil.
O povo hakka é um
importante ramo do grupo étnico
Han (漢族),
caracterizado por sua língua,
cultura e história
singulares. Sua trajetória
é uma
verdadeira epopeia de migração e adaptação; sua cultura preserva tradições do
centro da China enquanto incorpora características das regiões do sul, sendo um
testemunho notável da diversidade e unidade do povo chinês.
A história dos
hakka é uma narrativa de migração e resiliência; sua cultura é marcada pela
fusão e inovação. A partir dessa compreensão, convido-os a refletir comigo:
1. Migração do
Centro para o Sul da China:A
história hakka
é longa e
profunda. Nossos antepassados vieram principalmente da região central da China
(atualmente Henan (河南),
Shanxi (山西) e
Shaanxi (陝西)) e, após pelo
menos quatro grandes ondas migratórias,
estabeleceram-se nas províncias
de Guangdong (廣東) e
Guangxi (廣西),
formando a base principal hakka. Posteriormente, expandiram-se para o Sudeste
Asiático e
Taiwan. Essas migrações moldaram o espírito
hakka, que aprendeu a ser “visitante
em todo lugar, mas em casa em qualquer lugar”, desenvolvendo uma capacidade
única de adaptação cultural em contato com os povos locais.
2. Traços
Culturais:A língua, a
arquitetura e a organização social são as características mais marcantes dos hakka. O
hakka é
considerado um “fóssil vivo
do chinês clássico”,
preservando sons e tons do chinês
medieval, ao mesmo tempo que se adaptou e diversificou conforme as regiões de
destino. Na arquitetura, as casas fortificadas conhecidas como Wei Long Wu (圍龍屋) e os
famosos Tulou (土樓)
refletem tanto a união familiar quanto a capacidade de adaptação ao meio
ambiente. Socialmente, os hakka destacam-se pelo forte senso de ancestralidade,
valorização da educação, prática da tradição “cultivar e estudar”, respeito aos
mais velhos e aos sábios, e pela observância de rituais e ética social.
3. Hakka Global:Com as
migrações modernas, os hakka dispersaram-se por Taiwan, Malásia, Indonésia, Europa e Américas, construindo comunidades em
diversas partes do mundo. Nossa vinda ao Brasil representa uma das mais
distantes jornadas da história
das migrações hakka. Essas migrações, sem fronteiras geográficas, formaram uma
rede hakka transnacional e global. Independentemente das diferenças nas
estruturas organizacionais ou nas percepções subjetivas das associações hakka
ao redor do mundo, o futuro aponta para uma diáspora cada vez mais
diversificada e plural. Portanto, o desafio dos hakka é buscar a unidade na
diversidade e fortalecer essa rede global.
4. Desafios
Contemporâneos e a Revitalização Cultural:Ao migrar para terras distantes, a cultura hakka enfrenta
o risco de perda linguística
e de distanciamento das novas gerações. O desafio que se impõe é: como
integrar as qualidades da cultura hakka à vida cotidiana de forma criativa e sustentável,
garantindo sua transmissão entre gerações? Essa é tanto uma missão quanto uma
oportunidade de revitalização cultural para os hakka migrantes contemporâneos.
Foi com esse propósito que nos dedicamos à elaboração de Imigrantes Hakka no
Brasil.
Mesmo
reconhecendo que, com o tempo, elementos da cultura hakka vêm se enfraquecendo
e desaparecendo do cotidiano no Brasil, acreditamos que, ao conhecer as raízes
históricas e culturais dos hakka e refletir juntos sobre os desafios da
imigração moderna, seremos capazes de seguir os exemplos narrados neste livro —
enraizando-nos no Brasil, fincando nossas raízes neste solo. Que os hakka
imigrantes no Brasil possam integrar-se cada vez mais ao contexto local e, ao
mesmo tempo, tornar-se parte da rede global hakka.
Assim concluo
esta introdução:“Mesmo nos confins do mundo parece tão perto, pois há
imigrantes hakkanês no Brasil.”
(Este texto foi
elaborado com base em documentos e relatórios apresentados na Conferência
Global da Cultura Hakka de 2023.)
2. Traços
Culturais:A língua, a
arquitetura e a organização social são as características mais marcantes dos hakka. O
hakka é
considerado um “fóssil vivo
do chinês clássico”,
preservando sons e tons do chinês
medieval, ao mesmo tempo que se adaptou e diversificou conforme as regiões de
destino. Na arquitetura, as casas fortificadas conhecidas como Wei Long Wu (圍龍屋) e os
famosos Tulou (土樓)
refletem tanto a união familiar quanto a capacidade de adaptação ao meio
ambiente. Socialmente, os hakka destacam-se pelo forte senso de ancestralidade,
valorização da educação, prática da tradição “cultivar e estudar”, respeito aos
mais velhos e aos sábios, e pela observância de rituais e ética social.
3. Hakka Global:Com as
migrações modernas, os hakka dispersaram-se por Taiwan, Malásia, Indonésia, Europa e Américas, construindo comunidades em
diversas partes do mundo. Nossa vinda ao Brasil representa uma das mais
distantes jornadas da história
das migrações hakka. Essas migrações, sem fronteiras geográficas, formaram uma
rede hakka transnacional e global. Independentemente das diferenças nas
estruturas organizacionais ou nas percepções subjetivas das associações hakka
ao redor do mundo, o futuro aponta para uma diáspora cada vez mais
diversificada e plural. Portanto, o desafio dos hakka é buscar a unidade na
diversidade e fortalecer essa rede global.
4. Desafios
Contemporâneos e a Revitalização Cultural:Ao migrar para terras distantes, a cultura hakka enfrenta
o risco de perda linguística
e de distanciamento das novas gerações. O desafio que se impõe é: como
integrar as qualidades da cultura hakka à vida cotidiana de forma criativa e sustentável,
garantindo sua transmissão entre gerações? Essa é tanto uma missão quanto uma
oportunidade de revitalização cultural para os hakka migrantes contemporâneos.
Foi com esse propósito que nos dedicamos à elaboração de Imigrantes Hakka no
Brasil.
Mesmo
reconhecendo que, com o tempo, elementos da cultura hakka vêm se enfraquecendo
e desaparecendo do cotidiano no Brasil, acreditamos que, ao conhecer as raízes
históricas e culturais dos hakka e refletir juntos sobre os desafios da
imigração moderna, seremos capazes de seguir os exemplos narrados neste livro —
enraizando-nos no Brasil, fincando nossas raízes neste solo. Que os hakka
imigrantes no Brasil possam integrar-se cada vez mais ao contexto local e, ao
mesmo tempo, tornar-se parte da rede global hakka.
Assim concluo
esta introdução:“Mesmo nos confins do mundo parece tão perto, pois há
imigrantes hakkanês no Brasil.”
(Este texto foi
elaborado com base em documentos e relatórios apresentados na Conferência
Global da Cultura Hakka de 2023.)