•曹林盛•
留 一 盞 燈
― 理監事們接棒《客家親》的光榮與期望 ―
在南美洲的心臟巴西聖保羅,有一份溫暖的會刊,默默地走過了近三十個年頭,八十期的篇章,字裡行間載滿鄉音與鄉情。
這份會刊名為《客家親》,由巴西客屬崇正總會自1996年創刊至今,承載的是客家移民對根傳燈的記憶與文化的堅持。
而這一切的背後,有一位默默付出的靈魂人物――鄧幸光老師。
鄧老師,今年(2025)已八十有六,學養豐厚。他以一支筆,將散落四方的客家聲音,織成一張文化的網,連結你我。他不只是一位編輯,更像是《客家親》的點燈和傳燈人,默默地維護着文壇這一盞燈。
每一期《客家親》,不論篇幅長短、內容雅俗,鄧老師總親力親為。從稿件編排、校對、聯繫作者,到印刷發行,事無巨細,堅守崗位。如今,《客家親》紙本在今年初發行的第八十期劃下句點;這是時代的轉變,也是紙本傳媒終將面對的現實。而鄧老師,亦在此時選擇交棒,將這份文化薪火,傳承給下一棒人,
亦即崇在會的理監事們。
我是曹林盛,成長於香港,父籍江蘇;我在巴西與一位來自台灣楊梅的客家妹结為連理,自此與客家文化結下不解之緣。過去二十多年來,我每期都有投稿《客家親》,原意是不讓自己忘本;我寫的文章粗劣拙笨,有幸每期的稿件都得鄧老師修飾,始能登大雅之堂。
如今,承蒙崇正會錯愛,任命我為《客家親》電子版頭兩、三期的執行編輯;老實說,內心極為惶恐、忐忑難安。
惶恐者,非只因責任重大,更因電子媒體雖便捷,卻少了紙本的厚重與情感。那種翻閱紙頁、聞著油墨的觸感,是許多老一輩讀者難以割捨的情懷。我深知自己難以比肩鄧老師的貢獻與堅持,但仍願竭盡所能,延續這份文化的火光,讓《客家親》繼續照亮更多人的心靈。
我們處在一個資訊爆炸、閱讀碎片化的年代,要讓一份社團刊物在眾聲喧嘩中存活、發光,不是
易事。然而,我深信,文化的價值不在於流量,而在於傳承;不在於形式,而在於精神。
《客家親》的未來,或許不如過去那般穩定;但只要我們仍有一群關心客家、書寫客家的作者與讀者,這份刊物就有繼續存在的意義。電子版或許更便於傳播,讀者可以在手機或電腦上輕鬆閱讀,也方便分享給遠方親友,將客家文化推廣得更遠更廣。
在此,我誠摯呼籲大家繼續踴躍投稿,無論您是語言文字的專家,或只是愛說故事的鄉親,您的每一句話、每一段故事,都是客家文化的一部分。讓我們共同寫下一頁頁的歷史,為子孫留下一份文化的地圖。
值得一提的是,《客家親》是崇正會的會刊,讀者群是客家人;客家的語音、飲食、風俗、自成一格,有著獨特的文化底蘊與鄉土情懷。我身為客家女婿,對「她」雖然有親切感,但要我描寫,可能會畫虎不成;所以冀望所有鄉親能投稿本刊,讓各地區域大同小異的客家文化,
能夠對話互融。
同時,我也期盼能在電子版中,引入一些關於客家文化與整體中華文化的關聯與討論。這不是混淆差異,而是讓我們能夠透過比較,達到欣賞自己的獨特與可貴之處的目的。
而且崇正會也計劃邀請新一代客家後裔加入編務與寫作,讓《客家親》不僅是懷舊的空間,更成為世代間對話的平台。我們要讓年輕人覺得這份刊物不是老一輩的事,而是「我們的事」;不是博物館的遺物,而是活生生的文化脈動。
《客家親》這個名字蘊涵著親情、鄉情、族情。我們要讓這份「親」,不因形式改變而淡薄,反而因科技進步而更深更廣。
鄧幸光老師的功績,將永遠銘刻在《客家親》的歷史之中。他是一盞燈,我們則要把這盞燈傳遞下去,照亮更多黑暗與遺忘的角落。
註:《留一盞燈》是鄧幸光老師於2000年代,書寫及刊登於本地僑報的系列勵志散文的題目;特借用以兹懷念。(巴西聖保羅2025年六月六日)
Deixe Uma Lâmpada Acesa
―A Honra e a Expetativa dos Diretores ao Assumirem a《Hakkanês》
•Tso Lam Sing (Marcos)•
No coração da
América do Sul – São Paulo, Brasil – existe uma calorosa periódica que,
silenciosamente, percorreu quase trinta anos de história. Em suas oitenta
edições carregam entre as linhas os sons e sentimentos da terra natal.
Essa periódica se
chama《Hakkanês》,
publicado pela Associação Chung Tsan desde 1996. Ele representa a memória das
raízes e a
persistência
cultural de gerações de imigrantes Hakka.
Por trás de
tudo isso, há uma alma silenciosa que dedicou sua vida a esta missão: o
Professor Teng Hsing Kuang.
Aos 86 anos (
em 2025), o professor Teng é
um homem de vasta erudição. Com a sua caneta, ele teceu uma rede cultural que
conecta todos nós,
reunindo vozes Hakka espalhadas pelo mundo. Ele não é apenas um editor — é o
verdadeiro guardião da chama de《Hakkanês》,
mantendo acesa essa luz no mundo literário
com discreta dedicação.
Em cada edição,
independentemente do tamanho ou do estilo dos textos, o professor Teng cuidava
pessoalmente de tudo: edição, revisão, contato com autores, impressão e
distribuição. Com meticulosidade e compromisso, nunca deixou de cumprir sua
missão. Agora, com a publicação da 80ª edição impressa no início deste ano,
encerra-se um ciclo — reflexo das mudanças dos tempos e da realidade que os
meios impressos enfrentam. Neste momento de transição, o professor Teng opta
por passar o bastão, confiando a continuidade dessa chama espiritual à próxima
geração.
Sou Tso Lam
Sing( Marcos), cresci em Hong Kong, meu pai é de Jiangsu e, no Brasil, uni-me
em matrimônio com uma moça Hakka de Yangmei, Taiwan. Desde então, formei um
laço inquebrantável com a cultura Hakka. Nos últimos vinte anos, colaborei com
todas as edições da 《Hakkanês》.
Escrevia inicialmente para não esquecer minhas próprias raízes. Meus textos são simples e
humildes, e tiveram a sorte de passar pelas mãos habilidosas do professor Teng,
que os lapidava com carinho para torná-los
dignos de publicação.
Hoje, graças à generosa
confiança da Associação Hakka, fui nomeado editor executivo das primeiras dois
ou três edições
da versão digital de 《Hakkanês》.
Sinceramente, meu coração está
cheio de temor e ansiedade.
Temor não
apenas pela grande responsabilidade, mas também porque, embora a mídia digital
seja prática, falta-lhe o peso emocional e físico do papel. Folhear uma
revista, sentir o cheiro da tinta, são experiências que muitos leitores mais
velhos não conseguem abandonar. Tenho plena consciência de que jamais poderei igualar a
dedicação e as contribuições do professor Teng, mas farei o possível para
manter viva essa chama cultural, para que 《Hakkanês》 continue
a iluminar os corações de muitos.
Vivemos em uma
era de excesso de informação e leitura fragmentada. Fazer um periódica
comunitário sobreviver e brilhar em meio ao barulho do mundo é uma missão
árdua. No entanto, acredito firmemente que o valor da cultura não está no
número de visualizações, mas na sua transmissão; não na sua forma, mas no seu
espírito.
O futuro de 《Hakkanês》 talvez
não seja tão estável
quanto seu passado. Mas enquanto houver autores e leitores preocupados com a
cultura Hakka, ela continuará
tendo sentido. A versão digital pode facilitar sua disseminação — pode ser
lida facilmente em celulares e computadores, e também compartilhada com
parentes e amigos distantes, levando a cultura Hakka ainda mais longe.
Por isso, faço
aqui um apelo sincero: continuem a enviar seus textos. Seja você um
especialista em linguagem e escrita, ou apenas um conterrâneo que gosta de
contar histórias, cada frase sua é parte vital da cultura Hakka. Vamos juntos,
escrever a próxima página da história e deixar um mapa cultural para as futuras
gerações.
Vale destacar: 《Hakkanês》 é
a periódica
oficial da Associação Hakka, cujos membros são, em sua maioria, Hakka vindos de
Taiwan. O idioma, a culinária,
os costumes Hakka de Taiwan têm
características próprias,
profundamente enraizadas na cultura local. Como genro Hakkanês, sente-me
próximo dessa cultura, mas confesso que descrevê-la com fidelidade não é fácil.
Por isso, convido todos os conterrâneos a contribuírem com seus textos, para
que possamos criar um espaço de diálogo e intercâmbio entre as diversas expressões
regionais da cultura Hakka.
Além disso,
desejo que, na nova versão digital, possamos também incluir discussões sobre a
relação entre a cultura Hakka e a cultura Chinesa em geral. Isso não significa
confundir as diferenças, mas entendê-las melhor através da comparação,
reconhecendo o que nos torna únicos e valiosos.
A Associação
Hakka também planeja convidar a nova geração de
descendentes Hakka a participar da edição e da redação, para que 《Hakkanês》 não seja
apenas um espaço nostálgico,
mas também uma
plataforma de diálogo
entre gerações. Precisamos fazer com que os jovens sintam que esta publicação
não é apenas coisa dos mais velhos, mas algo que também lhes pertence — não uma
relíquia de museu, mas uma cultura viva, pulsante.
O nome《Hakkanês》 carrega
consigo o sentimento de família,
de terra natal, de pertencimento. Que essa "proximidade" não se
enfraqueça com a mudança de formato —
ao contrário, que
se aprofunde e se expanda com a ajuda da tecnologia.
As
contribuições do professor Teng ficarão para sempre gravadas na história da《Hakkanês》. Ele é a luz
que guiou nosso caminho. Agora, é
nossa vez de carregar essa luz adiante — iluminando os cantos escuros e as memórias esquecidas.
Nota: 《Deixar
uma luz acesa》foi o título de
uma série de
crônicas motivacionais escritos pelo professor Teng Hsing Kuang na década de
2000 e publicados no jornal local da comunidade chinesa. Peguei emprestado este
título para
homenageá-lo.
(São Paulo, Brasil – 6 de junho de 2025)